TOMA-TE BRASILIS

TOMA-TE BRASILIS

“Só a ANTROPOFAGIA nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. / Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. / Tupi, or not tupi that is the question. / Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos. / Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago. / Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com os sustos da psicologia impressa. / O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará.”

Oswald de Andrade, Manifesto Antropofágico

A terceira coleção de Victor da Justa é uma carta de amor ao seu país, a terra brasilis. No ano do bicentenário da Independência e do centenário da Semana de Arte Moderna, Victor revisita o Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade para realizar o seu próprio, clamando a nos valorizarmos, nos consumirmos, nos respeitarmos e nos comermos. O símbolo da coleção é o tomate, subtraído da icônica estratégia para gerar polêmica empreendida por Oswald: contratar pessoas para nele tacarem os frutos enquanto lia seus poemas. Na coleção, a depreciação pelo “made in brasil” dá lugar à deglutição de nós mesmos e o tomate se torna bendito fruto.

Com suas estampas bem coloridas, Victor homenageia artistas que participaram e outros que deveriam ter participado da Semana de 22. Na estampa Tropicalê, pinturas e frases criam bandeiras que se transformam como quadros nas peças de roupa. Já a estampa Trelelê vai da desconstrução do convite de Di Cavalcanti à transformação da bandeira nacional em bandeirinhas de Volpi, passando pela novela, a onça, pau-brasil, o Municipal, búzios, e terços. Um carnaval de referências antropofágicas, tão múltiplas e nossas como o próprio Brasil.

Nessa coleção, o estilista traz peças mais românticas e femininas, como vestidos longos e saias de ópera. Peças transparentes trazem bandeiras aplicadas e o tecido de macramê de malha, visto em tapetes espalhados pelas casas brasileiras, é utilizado nas bolsas, tops e saias que possuem detalhes em cetim e couro. Os acessórios de palha são ornados com sementes. Dentre outros materiais utilizados, também estão o algodão, lona, seda, tule, palha, e barbante.

Em “toma-te brasilis”, elementos que já fazem parte do DNA da marca seguem presentes: identidade andrógina e polarizada, metáforas político-filosóficas, adereços de street-wear e pijamas que se misturam com uma alfaiataria desconstruída. No vídeo apresentado no SPFW, Victor se inspira no Teatro do Absurdo e monta um banquete cultural misturando uma diversidade caótica em meio a críticas e simbolismos que elaboram questões contemporâneas e referenciam a gama de personalidades e riquezas que temos aqui.

“Não existe outra maneira de criar a não ser apontar e criticar os costumes e a violência política da nossa sociedade líquida de uma forma lúdica. Minha inspiração está totalmente ligada ao que estamos vivendo”, afirma o estilista. Diante da atual crise estética, desvalorização da cultura, abandono da educação, alta da inflação e interferência da religião na política, Victor reivindica que nos valorizemos: “Agora, mais do que nunca, precisamos de esperança à nossa nação, recuperar nossa bandeira e o amor por nossa cultura tão diversa e especial. Somos um país rico em todos os aspectos, extremamente biodiversos, seja na natureza, seja nas ruas”, afirma.

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